Uma mesa com vista.



A experiência é, no mínimo, curiosa. A começar pelo lugar por onde devem começar as coisas: pelo início. Chega-se a uma zona na Foz. Claramente residencial. As indicações dizem que chegámos ao destino. E são quase inquestionáveis. Mas olhamos em frente e é um prédio. Uma placa discreta a dizer que chegámos ao Mesa, acaba por impedir que se dê meia volta e que se procure melhor. Quarto andar. Mais uma instrução. No elevador, devemos premir o botão que diz quatro. Feito. E depois, abre-se o olhar para uma sala cheia de luz. Mar ao fundo. O último andar de um prédio. Que é um restaurante. E que tem um nome fácil de dizer. Mesa. E havia um nome melhor? Talvez seja este o mais elementar.
Uma designação que podia ter ficado por isso mesmo. Mas que se prolongou. Pelo de melhor que pode haver a uma mesa: aquilo que se come. Neste sábado de sol, à mesa do Mesa, apeteceu creme de cenoura e laranja, lombinhos de porco gratinados, tarte de maracujá e um Riesling da Nova Zelândia. E foi bom ter apetecido. Melhor ainda, que o que os sentidos viveram, tenha correspondido às expectativas, ao olhar para a ementa. Coisas iniciais, que se prolongam. E depois, olhar em frente. E olhar um rosto que é de amizade terna. Como se tivéssemos partilhado todos os não-ditos do que está lá para trás. No tempo em que não havia isto de sermos amigas. Uma longa conversa. Horas para chegar à conclusão de que ainda havia mais para dizer. A melhor das conclusões a que uma amizade pode chegar: que ainda há mais. Inconclusiva, a amizade que surgiu por causa de uma mesa. E pensar em todas as mesas que estão para acontecer. Uma maneira bela de dizer adeus ao final do dia. Pensar em mais mesas. Depois desta. A do Mesa.

8 comentários:

  1. À Mesa no Mesa. Uma experiência sensorial que começou com um croqui que tu interpretaste. A tua amiga retribui as palavras e diz que continua muito por dizer...
    Um bom dia para ti. O meu vai ter pedra. Literalmente ;)
    Babette

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  2. Queridas amigas,

    Começo por dizer que a Babette me deixou profundamente intrigada. Não é justo! Imagino que ela já esperaria esta minha reacção.

    Como já referi no blogue da Babette é reconfortante, não me ocorre outra expressão para o que sinto neste momento, pensar em duas amigas queridas que num sábado almoçam num restaurante da Foz. Um espaço doce e poético em que destaco a pirâmide de suspiros, uma das minhas gulodices preferidas.

    Beijos para ambas

    Fa

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  3. Olá minha amiga doce!

    Foi mesmo assim, o início. A tentar interpretar um mapa:)
    Um almoço muito bonito, o nosso. Com o tudo que ficou por dizer. A fazer pensar em mais almoços em sábados cheios de sol.

    Um beijo.

    Mar

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  4. Olá minha querida Fa:

    Foi realmente um pedaço de tempo muito doce e poético. E fez pensar num outro almoço a haver. Aí em Lisboa. Três amigas à mesa, desta vez. A Mar, a Babette e a Fa. Gosto muito de pensar nesse dia, enquanto ele não chega.
    Em Junho:)?

    Um beijo da Mar. Para a Fa. Que gosta muito de suspiros:)

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  5. Sempre achei que não é por acaso que as pessoas se cruzam no meu caminho, mesmo que este seja virtual... O Mesa é um daqueles sítios que me faz sentir em casa, no Porto, cidade maravilhosa, onde isso não é difícil acontecer, seja onde for. Mas, de facto, a vista, a luz, a simpatia e a familiaridade com que somos tratados são um poema. Um sítio que é uma casa, mais do que um restaurante, a regressar, sempre. Para mim, os melhores restaurantes são mesmo esses, os que me fazem sentir em casa.
    Ainda bem que foram (a Mar e a Babette, que também visito sempre, mas com quem ainda não quebrei o silêncio :)) e que gostaram tanto como eu gosto.

    Um beijo com ternura,

    Mafalda

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  6. Não será mesmo por acaso que as pessoas se cruzam nos caminhos umas das outras. Eu e a Babette somos uma espécie de resultado desses bons encontros. Nascido aqui. No registo virtual. E já viu como as coisas são? Reais. Cada vez mais reais e partilhadas.
    Foi a primeira vez que fomos ao Mesa. Eu já queria ir há algum tempo e nunca tinha acontecido. Mas havia a segurança das referências de outros restaurantes do chef Luís Américo. O Degusto e o Foz Velha. Gostámos muito. E vamos voltar. Para nos sentirmos em casa num restaurante. E que bom que haja este ponto em comum consigo. Mais um bom encontro, a Mafalda. Ainda bem que quebrou o silêncio:)

    Um beijo também com ternura para si.

    Mar

    PS: Linda a sua associação de "poema" à experiência do Mesa.

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  7. Olá, Mar

    É só dizerem que marcamos um almoço, num local simpático de preferência com vista para o mar ou para o rio. Junho será um excelente mês.

    beijos

    Fa

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  8. De acordo, minha querida Fa. Em Junho. E a olhar o rio ou o mar. Eu e a Babette vamos combinar um dia, para irmos ao encontro da Fa.

    Um beijo de bom fim-de-semana.

    Mar

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