Sequência de coisas que fazem bem.





De vez em quando, aquilo que não controlamos, lembra-nos que nem sempre conseguimos estar bem. Chegar ao que queremos ou procuramos. Não sei bem. As coisas que nos fragilizam são assim. Vêm e pronto. Atingem-nos e pronto. E ficamos com a parte complicada em mãos. Fazer alguma coisa. Ou não. Quando nos é dada hipótese de escolha. Porque nem sempre é assim.
Perder dias de sol por estar frágil lembra que estamos expostos a contingências imponderáveis. Ver o sol por detrás de uma janela. Não ter força ou vontade de vir ao jardim, para ver se a minha roseira preferida ainda está linda e perfumada. Coisas assim. Coisas assim que nos fazem querer mimos e carinhos e cuidados. Por sermos quase sempre nós a cuidar, a mimar, a fazer carinhos.
E então, a resposta às coisas que são assim e pronto. Um bocadinho de sol, uma bebida fresca com a tal hierba buena, a que faz bem. Uma revista que fala de lugares ao sol. Nestas alturas, lembro-me sempre da minha mãe. A minha mãe é muitas coisas. Nestes dias frágeis, a minha mãe foi uma sopa reconfortante cheia de legumes que acrescentam vida. E um bocadinho das sopas da Fa, na imagem da sopa. E quis um doce pensado pela minha amiga que também é assim: doce como um pudim fresco de manga. Para o jantar, massa para o meu filho. Uma das receitas de massas com legumes e com gambas que já partilhei aqui. Só porque ele gosta muito.
O meu filho. Que quis ter a mãe de volta. Um desenho fez isso. Perguntei o que era. Nem sempre conseguimos perceber as coisas à primeira. Transcrevi a resposta para a página da minha agenda. Guardei o desenho. Lá e aqui. Tão bonita, a sensibilidade a formar-se. Um jantar romântico de um homem que encontrou a mulher perfeita:) De onde surgirão estas coisas? Todas estas coisas que fazem bem.

PS: A receita do pudim de manga está no blog da Babette. A da sopa já foi partilhada aqui. E a da bebida há-de ser um post futuro.    

18 comentários:

  1. É, realmente, lindo vermos os nossos filhos crescer e começarmos a perceber a personalidade e a sensibilidade a formarem-se. Um livro que apreciam, uma música que elogiam. O meu filho ainda nem tem três anos e já comenta a música que ouve, já escolhe a história que quer ouvir. E eu fico tão contente por já lhe perceber uma sensibilidade especial. Parabéns ao António pelo desenho. E à mãe do António por ter um filho já com essa sensibilidade. Um beijinho

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  2. Olá, Mar
    Visitá-la logo de manhã, quando ainda um pouco ensonada tomo o pequeno almoço, é encontrar a tal redes de afectos necessária para enfrentar dias que receamos serem dificeis. Sei que poderei sempre regressar e ler os seus textos, ver as fotografias que tão bem os complementam. Voltar, dia a dia, a fazer um esforço para encontrar o equilíbrio nas pequenas coisas que nos preenchem. Como já referi antes a Mar é uma lição de vida, actualizada a cada nova entrada no seu blog.
    bjs

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  3. Parece-me uma sequência perfeita. Uma cadência de pequenas coisas, que das tuas mãos seam sempre bonitas, cuidadas e únicas.
    E o doce do António... Um romântico, já viste?
    Beijo
    Babette
    PS. Um frasco de doce de cereja com o meu nome... Que lindo!

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  4. "De onde surgirão estas coisas?", perguntas tu? Resposta fácil: os nossos filhos são NÓS!! Por mais cliché que isto possa soar. O nosso reflexo, a nossa extensão. E o António tem tudo. A criança sensível dará um adulto lindo, que embelezará o futuro...

    Adorei este texto, por falares da TUA mãe, por falares da mãe que ÉS, do filho que TENS! Sequência mágica e bela... ♥

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  5. Olá Ilídia:

    Os filhos ensinam-nos as coisas pequenas. Como as de que falou no seu blogue, no post de hoje. Uma música, um lugar ou um livro. E a comidinha de mãe. Coisas assim, pequenas. Grandes, no final de contas. São essas coisas que nos fazem evocar as pessoas. Não será por acaso que uma pessoa pode ser, na nossa memória, um perfume. Ou uma música.
    Obrigada, mais uma vez.

    Um beijo com carinho para si. E outro para o seu filho. A atravessar o mar:)

    Mar

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  6. Olá Fa:

    Tão carinhoso, o seu comentário. E uma visão igualmente carinhosa, a da minha Fada ensonada a tomar o pequeno-almoço e a ler posts deixados a horas tardias:)
    Espero que o seu dia não tenha sido difícil. Que tenha sido doce na medida certa. Como os doces no seu blogue. Gostei muito de a associar intuitivamente a uma sopa reconfortante. E à ideia da minha mãe. Quis verbalizar afecto.
    E eu agradeço muito as coisas que disse. Mas não sou isso. Não sou uma lição de vida. Mas gosto muito de viver. Isso já é bom, não é?
    E sim, uma rede de afectos:)A que gostamos de voltar uma e outra vez.

    Um beijo com ternura.

    Mar

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  7. Olá minha Babette:

    Adivinha-se um romântico:) Apesar de não achar grande piada às meninas. Diz que não sabem jogar à bola. E que fazem muito barulho quando estão juntas. Coisas que eles vão pensando.
    Fez-me bem evocar-te num doce de manga. Uma das coisas da sequência que me fez querer estar bem.

    Um beijo.

    Mar

    PS: Acho que ficou bem, o doce dos teus frutos preferidos. Aprovado no pequeno-almoço de hoje.

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  8. Olá minha happy single mother:

    Espero que sim. Que ele cresça bem. Que seja capaz de procurar as coisas que fazem bem. Mesmo no meio das coisas que fazem mal. Que nos fazem cair um bocadinho. Que ele saiba levantar-se.
    Gosto muito que tenhas gostado de ler o texto de hoje. Sabe bem falarmos das nossas mães, dos nossos filhos. Acabei há pouco de mostrar ao António o desenho dele aqui. Uma carinha amorosa. Perguntou por que é que não ponho os outros todos que estão guardados na agenda:)
    Uma ternura.

    Um beijo grande para ti. E um outro para a ternura de olhos grandes.

    Mar

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  9. Muito bonito o teu texto de hoje. Com as tuas frases pequenas muito cheias de sentido.
    é bom quando fazemos muitas coisas para ficarmos melhor e melhoramos mesmo.
    Gosto desse sol já baixo das tuas fotografias, dos pratos brancos, cheios de relevos, todos diferentes, e do livro do The Sartorialist, e a massa linda para o António, que me deixa sempre derretida, com o seu sorriso terno e já composto :)
    Por uns instantes, imagino-me aí, a beber do sol e dessa bebida fresca com a tal hierba buena contigo.

    Beijinhos
    da Pipinha

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  10. Sabes que sim. Que prefiro as frases pequenas. Quando têm muitos complementos, acabamos por perder o sentido. Por circunstanciarmos demasiado. Será por isso. Dizer pouco. Procurar ser contida nas formulações. Não sei bem.
    O Sartorialist também presente nas coisas com sol, que fizeram com que melhorasse. Sei que gostas muito das fotografias. Uma maneira de estares aqui, também.
    No fim-de-semana que vem há-de estar sol. E então, vais sentar-te no banco de madeira lá em baixo. No meio do verde indisciplinado do jardim. Para bebermos as duas uma bebida fresca com hierba buena:)

    Até lá:)

    Um beijo da tua amiga Mar.

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  11. Para a Mar, que pinta de cor a vida tantas vezes certamente cinzenta dos seus alunos, mesmo os dos cabelos às cores, um livro cheio de significado (que eu amo), como aquele que imprime a cada bocadinho seu que nos deixa, mesmo em dias em que parece haver menos sol. Uma coisa simples em forma de mimo.
    :)

    http://www.ecocidio.com.br/wp-content/uploads/2010/03/Giono-Jean-O-Homem-Que-Plantava-%C3%81rvores.pdf

    Um beijo com ternura e a esperança que esteja bem e recuperada...

    Mafalda

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  12. Olá Mafalda:

    Quero dizer antes de tudo o mais, que o seu comentário me comoveu muito. Não nos conhecemos. Não sabemos percursos nem histórias, apesar da assimetria óbvia: eu vou dizendo todos os dias coisas sobre mim. Mas isso não muda o fundo belo disto tudo.
    Deixou-me uma história muito bonita, plena de ensinamentos. E deixou essa história associada a um texto sobre coisas que fazem bem, quando estamos mal. Esse gesto simples, esse mimo diz coisas muito grandes e belas sobre si.
    Agradeço muito que exista, Mafalda. E desejo-lhe o melhor de tudo.

    A mesma ternura para si. E sim, já estou recuperada:)

    Um beijo com carinho.

    Mar

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  13. Olá! Eu também gostei de ler as frases pequenas e adivinhas o lato sentido. Ser mãe também é isso. Ter a capacidade de se comover com a simples passagem do tempo. Um beijinho e votos de rápidas melhoras

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  14. Olá Filipa:

    Frases pequenas com sentidos latos. Uma boa formulação. Muitas coisas pequeninas e comoventes, nisto de ser mãe.
    E já estou bem:)

    Um beijo para a Filipa que escreve bem:)

    Mar

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  15. Tudo faz parte:
    os dias em que as roseiras nos chamam, ou mesmo aqueles dias que nos mantêm em casa a desejar um colo, um conforto bonito. Ou uma sopa.
    Outras vezes quero vir aqui, ao seu blog: e maravilhar-me. As rosas deixam de ter relevância, e as palavras de uma professora linda, também elas têm um cheiro puro. Também elas me prendem; e me confortam: como um colo, ou uma sopa.

    Beijinho enorme enorme para alguém muito bonito.

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  16. Eu é que me comovi com as suas palavras... Foi só mesmo um mimo. Eu sei bem o quanto vale um gesto, por mais pequeno e simples que seja, quando não estamos bem. Talvez por isso seja tão espontâneo. Ainda que imensamente simples. Como partilhar uma história bela. Uma história que fala da vida e do que o ser humano é capaz de fazer, sempre que acredita. Uma história simples, como tão simples, no fundo, é a vida. O livro é lindíssimo e é um daqueles que estão sempre presentes, sobretudo nos dias em que não estou tão bem e preciso de uma força suplementar. :)

    Um xi-coração com carinho,

    Mafalda

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  17. Olá minha aluna de muitas cores:)

    Nos dias em que somos mantidos em casa apetece sopa e carinho. E palavras que adocem o que por vezes nos faz cair um bocadinho.
    Sabes que gosto muito que gostes de vir aqui? Porque estás longe. E é uma forma de estares perto, talvez. Bom assim. Encontrarmos formas de estar perto dos nossos afectos.
    Senti muito a tua ausência nas aulas de hoje. Os Maias estão a ter banda sonora. Bach, Mozart, Offenbach. A marcar a cadência da narrativa. Sei que gostavas mais das aulas com música. Também assim lembro a minha aluna Marta. Com aulas que têm música.

    Um beijo enorme de carinho da tua professora Mar.

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  18. Olá Mafalda:

    O mimo em forma de história soube bem. Soube a carinho espontâneo. Como ficar enternecida. Sempre. Quando um gesto lindo, de tão simples, nos é dirigido. Há palavras belas e simples para dizer a gratidão. Não conseguimos dizê-las todas. Mas espero que lhe chegue o meu afecto. Discursivo, este. A tentar chegar à Mafalda. Uma pessoa linda que chegou aqui. Obrigada.

    E mais carinho para si.

    Mar

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