Mesa pós-convalescença.




De convalescença, o fim-de-semana. Uma quase hibernação. A sensação de não apetecer reagir. De me permitir não reagir durante umas horas. Demasiado longas. Sentir a fragilidade de estar doente. Por inteiro. E ir dizendo interiormente que agora não. Que agora não conseguia. Mais tarde. E à tarde, o sol doce de domingo resolveu despertar-me. A ver se ainda vinha a tempo de sol. E então, voltou a música. Pearl Jam. I'm still alive:) Depois, a vontade de pôr uma mesa. Com as primeiras hidrângeas. Hortelã. Rosas e brincos de princesa. Em copos de chá. Uma chávena. E um copo largo. Cerejas. Chocolates numa taça de vidro. Uma enumeração de coisas pequeninas que são um universo. A lembrar que parece não acabar, a vontade de mesa. Ou que a vontade disso, de pôr uma mesa, resgata. Liberta do que nega ou fragiliza. Crónica de um fim-de-semana em convalescença. Mas a tempo de sol. De uma mesa de jantar. E de outras coisas que fizeram bem. Que fazem bem.
No fim do dia, Deftones. Change. Be quiet and drive. Em versão acústica, que ainda não estou completamente recuperada:)

12 comentários:

  1. Mar, já leio o "coisas d'amar" há algum tempo,sem nunca comentar. Não sei porquê. Decidi fazê-lo hoje. Gosto imenso das palavras, das comidas, das reflexões que aqui encontro. Gosto das mesas bem postas, do bom gosto e da sensibilidade que por aqui abundam. Ficou contente por já ter terminado o período de hibernação. Um beijinho

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  2. Desculpe, só depois de ter publicado o comentário, percebi a gralha: onde se lê "ficou", deverá ler-se "fico". Bjs

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  3. Deftones! :O


    <3

    Agora já estás melhorzinha :)


    beijinhos!

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  4. Querida Mar
    É bom, mesmo quando ainda não estamos completamente curados, arranjarmos motivos que nos prendam à melhor de todas as dádivas - a Vida!Adorei esta mesa, tão simples e tão pura1 A borboleta branca em cima da 1ª hidrângea do jardim transporta - me para uma série de cenários campestres por onde tenho andado a navegar! As coisa mais simples do mundo são também as mais belas; é nelas que devemos tentar encontrar a alegria para aguentarmos um quotidiano nem sempre fácil.
    Espero que se restabeleça rapidamente para nos poder preencher o dia a dia!
    Uma boa semana de trabalho com cerejas(muitas!), morangos e flores.
    Beijinhos
    Emília Melo

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  5. Uma mesa branca. Cheia de vida, nos frutos, nas flores e na borboleta branca (a que dá sorte) que espreita na última foto. A recuperar da fragilidade: rápidas melhoras. Para comeres essas cerejas todas com vontade!..
    Um beijo de início de semana.
    E outro à Emília!
    Babette

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  6. Tenho a mesma profissão que a Mar e tem dias em que o I'm Still Alive se aplica que nem uma luva.
    A mesa cheia de branca faz-me pensar que há sempre como começar de novo, uma folha branca, um caderno a estrear, uma mesa prestes a encher, uma casa prestes a mobilar.
    O post que escreveu sobre a sua aluna deixou-me com uma inveja boa mas, ainda assim inveja. Espero conseguir influenciar algum aluno pois tornamo-nos professores para inspirar, ensinar, partilhar e amar também.
    Gosto mesmo muito de a ler Mar.
    beijinho grande
    raquelita
    deliciascasa.blogspot.com

    P.S. Obrigada pelo seu post:)

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  7. Olá Ilídia:

    Que bom que venha aqui há algum tempo. E que tenha resolvido escrever hoje. Duas coisas boas a assinalar. A prolongar a ideia subjacente ao post que escolheu para quebrar o silêncio. Entretanto, estive a ver o seu blog. E fui tão bem recebida! Um doce lindo, descrito com uma humildade que acho sempre bela, associada à comida. E a outras coisas, também. E sim, o meu período de hibernação terminou. Já houve comida e mais mesas, depois. E um filho carinhoso a dizer que a mãe deve estar bem, para usar vestidos e saltos altos:)
    Fico muito grata pelas suas palavras. E feliz por ter descoberto mais um lugar onde buscar inspiração.

    Um beijo com carinho para os Açores. A atravessar o mar:)

    Mar

    PS: E não se preocupe com isso das gralhas. Tenho um amigo escritor que diz que elas fazem cantar o texto:) Lindo, não é?

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  8. Muito melhor, acredita. Antes da música, estava em denial. E a sentir-me a última das pessoas. Deftones é sinal de que sim. Que estou melhor.

    Um beijo para ti, maninha mais nova que comunica com sinalética que é preciso decifrar:)

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  9. Olá Emília:

    Anda a navegar por cenários campestres. Fico curiosa:) E feliz porque a borboleta à mesa a transporte para lugares onde há flores e ervas, cerejas e morangos.
    A vontade de dar uma mesa aos que me são próximos fez-me levantar. Recuperar forças para que sim, para que houvesse mesa da Mar.
    Um bom sentido, esse. Para querermos estar bem. Uma mesa.
    Muito obrigada pelas palavras doces, minha querida Emília.

    Um beijo com ternura.

    Mar

    PS: E tinha saudades suas:)

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  10. Olá minha Babette:)

    A borboleta branca da sorte foi a última a pousar na mesa com vida. Quis muito flores e frutos num fundo branco. A ver se ficava bem só de olhar. E acho que resultou. Acordei bem. Consegui dar muitas aulas de Português:) E o dia foi de sol e brisa ao final da tarde.

    Um beijo para ti. Já de noite.

    PS: Acabei agora mesmo de transformar as cerejas em compota doce. Um dos frasquinhos tem o teu nome:)

    Mar

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  11. Olá Raquel:

    Que bom outra professora. Uma forma de vida muito bonita, a nossa. Aquilo da minha aluna aconteceu. E eu fico feliz que tenha sido assim. Tal como acontecem coisas menos boas. Dias maus em que nos sentimos pequeninos. Também há esses. Nenhum professor que queira ser verdadeiro consigo pode dizer que não. Registei um desses dias num dos comentários nesse post. Quis também registar a sensação de não conseguir. Para não me esquecer. Para encontrar inspiração e amor para continuar a tentar.
    Gosto muito de a ler a si. De saber que é professora. E que tem todos esses sentidos lindos para a nossa profissão.

    Um beijo com muito carinho para a minha Raquel professora. Também dá aulas de Português?

    Mar

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  12. É, sim, é lindo. É um privilégio ter amigos assim. Não referi no meu comentário, mas, tal como a Mar e a Raquel, sou professora. De Português. E, apesar de algumas amarguras que a nossa profissão nos traz, continuo a gostar. Muito. E são alunos como estes, especiais, que fazem tudo valer a pena. Um beijinho

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