Mesas e um intervalo.




Há algo de início no fim-de-semana. O fim-de-semana faz-me pensar na possibilidade de bons inícios. No regresso à vida que nós chamamos de todos os dias, quotidiana. Por isso, o cortar doce de Sábado e de Domingo, acentua a vontade de imaginar uma semana feita de quotidiano que não seja pesado, insuportável. Mais irrequieta no Sábado. Sempre mais irrequieta. Por apetecer mundo. Desta vez, com a minha sogrinha:). Que olhou com carinho a minha alegria muito feminina, por ter encontrado um vestido que é Primavera. Para usar nos dias luminosos da Primavera. E sumo fresco e bolo de laranja, num lanche só de nós as duas. O Sábado foi isto. Sem direito a fotografia. Mas fica em palavras. Para me lembrar do dia. Para registar um vestido e a felicidade floral que ele trouxe.
Domingo é dia de mesas. A mesa do almoço. A mesa do jantar. E havia sol. Quando há sol, quero que a mesa seja cá fora. Para que não se perca a oportunidade que nos é oferecida: a de uma refeição com muita luz. Por isso, imaginei a mesa do almoço com luz filtrada. No jardim de Inverno, uma mesa carmim, com as primeiras azáleas do ano. Para as celebrar, às flores que vão invadir o verde com fúschia vibrante.
À noite, uma mesa para amigos. Uma refeição para tentar dizer o carinho pelos meus amigos. Às vezes, é mais fácil com gestos. E então, os gestos de Domingo à tarde foram-lhes dedicados, a antecipar a noite. Traduziram-se numa mesa. E em tarte de cebola vermelha e chèvre. Em risotto. E tarte tatin. Comida simples que permite dizer melhor o afecto. Uma noite prolongada. Conversa prolongada. Música. Portishead. Preisner. O meu filho a desfalecer de cansaço:) E chá fresco de menta, antes da despedida. 
Ficam as mesas de hoje. E a vontade de ir. Amanhã. Um intervalo breve, em busca de mais coisas para guardar. Em mim. E aqui. Contar, no regresso, as coisas que são para conservar. Na memória partilhada que vai sendo construída. Feita de coisas de amar.  

6 comentários:

  1. Querida Mar, uma mesa esplêndida, para uma refeição que foi de aconchego familiar :)
    Beijinhos.

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  2. Palavras que recordam um sábado e Mesas que guardam um belo domingo. Tinhas uma Primavera antecipada na mesa. Tão bonitas!... A moldura de vidro da do almoço e a luz das velas da do jantar criam ambientes tão distintos, mas tão belos!.... E adivinha-se um jantar mesmo saboroso nessas iguarias que espreitam...
    Babette

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  3. Olá, Mar

    Mesas lindas. Luminosidades diferentes, mas o mesmo desejo - recriar ambientes propícios à convivialidade. As transparências (dos copos) e as linhas depuradas, mas românticas, da mesa do almoço deram lugar a materiais mais opacos ao jantar. Gostei das nuances entre o dia e a noite. Do pormenor do chá fresco de menta antes da despedida ...

    bjs

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  4. Olá Manuela!

    Obrigada pelo seu adjectivo tão cheio. E sim, mesas para aconchegar, para dizer que gostamos muito de gostar:)

    Um beijo carinhoso.

    Mar

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  5. Olá minha amiga doce!

    Recordar um sábado e guardar um domingo. Uma moldura de vidro, a casinha de vidro no jardim. Foram refeições feitas com carinho. Mesas dedicadas. Um pouco como as tuas. Sempre tão inteiras. Sempre tão lindas.
    Uma Primavera antecipada à mesa. Mesmo que hoje esteja a chover.

    Um beijo de boa viagem:)

    Mar

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  6. Olá, minha querida Fa!

    A diferença entre a noite e o dia, apesar do elemento comum: o carmim que cobria as mesas. A cor a que tenho voltado, por ser tão bonita. A mesa de jantar não foi bem cristalizada (culpa minha, que nem sempre consigo fotografias que fiquem bem:). Mas conseguiu perceber as diferenças, de tão intuitiva que é.
    O chá fresco de menta foi servido para temperar mais conversa. Antes de dizermos todos boa noite:)

    Um beijo da Mar.

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