Graças à mesa de hoje.


São três as Graças: Aglaia, Tália, Eufrosina. As minhas preferidas. Dedicadas a espalhar alegria na Natureza e no coração dos homens. Porque quis dar graças ao meu jantar de hoje. Que decorreu da existência de uma pessoa. Aconteceu assim, porque hoje foi a receita que a minha amiga Babette partilhou generosamente. Uma espécie de onda de coisas boas e belas, que se gera, a partir daquele universo. Como este jantar muito tranquilo, com Graças à mesa e que foi consequência de uma outra graça: a vida muito bonita de uma amiga. E eu agradeço a vida da minha amiga. E que ela chegue tanto a tantas vidas.
Quis flores. Quero flores quase sempre. Apesar da chuva, fui buscar narcisos ao jardim. A flor que evoca o mito do que se apaixonou pelo seu reflexo. De Narciso a Ícaro. Nas asas de anjo que trouxe de Viseu, há uns dias atrás. Ainda que na altura não soubesse muito bem para quê ou porquê. Fiquei hoje a saber. Coloquei tudo num pedestal antigo de prata. E fui buscar a luz de uma vela que acendi hoje pela primeira vez. E que, nem de propósito, se chama Muse. Feita de rostos declinados no infinito e criados por Jonathan Adler. Quis ouvir o piano de Preisner, que também chegou aqui pela graça de uma outra vida na minha vida. Porque das mãos da minha amiga nasce música, o piano de Preisner significa também a sua música.
Eu sei todos os dias que devo dar graças. Eu sei que sim. Porque são mesmo muitas as coisas pelas quais dar graças. A poesia. A música. A dança. A beleza. A amizade. O amor. O encantamento. A generosidade. O dom da ilusão. O sonho. A humildade. A vida. O dia. Dou graças por hoje. Todos os dias dar graças por hoje. Por todas as enumerações belas que podemos fazer. Graças ao dia que está a ser vivido. Ou a acabar de ser vivido. A tempo ainda de voltar ao livro de hoje: Confissão, de Tolstói.

PS: A receita de uma tarte deliciosa e muito delicada está lá, na Festa de Babette. 

11 comentários:

  1. Olá Mar!
    Também gosto muito d'As três graças. Aliás, já há bastante tempo que não folheio um livro de Mitologia. Para relembrar.
    Preisner não conhecia. Mas estive a ouvir agora "Winter Light". Lindíssima. E que bela é esta forma de passar referências. Mais um excelente motivo para passar aqui e tornar muito belos os finais dos dias. Também dou graças por isso. :-)
    Sandra

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  2. Que bonita ficou a tarte. E o cenário que criaste, perfeito. As 3 Graças, para lembrarmos como somos importantes uns para os outros. Como a nossa vida pode fazer os outros felizes. Como a alegria se transmite e contagia. E depois o dar Graças por alguém, por alguma coisa. Estive com vocês ao jantar. Na tarte e na música. Um prazer tangível e outro intangível. Ambos efémeros e apesar de tudo criadores de memórias. Palpáveis.
    Um beijo do Porto a voar até ti!...
    Babette
    PS. Aquelas taças muito brancas são lindas. E a bandeja/pedestal romântica. Conheço essa Vela dos Rostos. Tão delicada. Fica muito bem nas "tuas" coisas brancas. Biscuit ou Porcelana fria. Lindo!

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  3. Olá Sandra:

    São As musas. As que realmente inspiram. Para darmos graças pelas graças que nos vão sendo concedidas.
    O piano de Preisner é uma daquelas melodias que não se esquece. Uma espécie de banda sonora perfeita para um final de tarde que se quer perfeito. Sem que isso seja uma quimera.

    E eu dou graças pelo seu comentário. E por si. Aqui.

    Um beijo da Mar.

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  4. Olá minha amiga!

    A tua tarte, já viste? Um pretexto delicado para um jantar delicado. Falámos de ti à mesa. Eu e o Vasco. No nosso jantar tranquilo. Da tua doçura e alegria. Da tua escrita. E das imagens que crias no teu blog (o Vasco gosta muito das tuas fotografias:). E sim, a tua vida faz diferença na vida dos outros. Uma graça.
    As taças brancas vieram da Area. E a bandeja é uma peça de família. Muito antiga. De que gosto muito. E sim, muito romântica:)

    Um beijo da Mar. Que vai até ao Porto.

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  5. Tão bom passar por aqui ao fim de uma dia chuvoso, frio, extenuante!
    As tuas palavras encantam, tu encantas, a linda Sereia neste/a infinito/a Mar...

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  6. Que bom saber-te aí. Ao final do dia. Depois de dias chuvosos, frios e extenuantes. Um bocadinho de Mar, ao final do dia.

    Um beijo para ti e para a Princesa dos Olhos Grandes. Da Mar.

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  7. Olá, Mar
    Ao terminar de ler o livro de Ana Teresa Pereira, "Se eu morrer antes de acordar", ficou uma frase que associei à sua mesa: "Estava no barco e a noite rodeava-nos, e ele envolvera-a em algo que parecia um casaco escuro, ou talvez fossem as suas asas negras que a protegiam".
    bjs

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  8. A minha mesa com asas de anjo que protegem. E um fragmento da Ana Teresa Pereira. Pelas palavras da minha querida Fa(da). Obrigada por isso. Soube bem. Depois de um dia longo de chuva que não acaba.

    Um beijo da Mar.

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  9. Sabes, que bela mesa.
    De vez em quando é muito bom olhar só para as imagens e para as palavras.
    São um conforto para os dias de chuvas fortes e ventos raros, aqui no oeste, de reuniões que se arrastam para a noite.
    É muito bom dar graças. Lembrarmo-nos de o fazer.
    Eu dou graças, pela amizade.
    Que nos traz tanto.
    Beijinhos grandes.
    da Pipinha

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  10. Que bom que olhar para a minha mesa de ontem te faça bem. Depois de chuvas, ventos fortes e reuniões que se prolongam.
    Estamos as duas nisso. De dar graças. E daqui a umas horas, já estás aqui outra vez. Junto à amizade que traz muito. E ao amor. Que é tudo.

    Um beijo da tua Mar. Ou da Isa. Das duas:)

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  11. Estes ultimos dias, os preparativos para a chegada da Sofia, deixa-me com pouco tempo...já não a visitava a algum tempo. Adorei tudo!!
    Quanto a gratidão, partilho da mesma opinião. Agradecer todos os dias :)

    bjinhos
    Sandra

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