Coisas pequenas.



Hoje foi o dia de lembrar a vida da mãe do meu marido. Que é minha mãe também. Um pedacinho maternal guardado para a sua Mar. Um aniversário em dia de trabalho. Um dia muito intenso de trabalho. Que findou quando faltavam vinte minutos para as oito da noite. Depois de (muitas) aulas. De sessões de preparação para exames. De reuniões assertivas cheias de papéis pouco poéticos, apesar de importantes. Por isso, só pude dar coisas pequenas à mãe Né. Um presente e um almoço cronometrado. Mas com direito a parabéns e a uma vela numa fatia de bolo de chocolate, no restaurante de todos os dias. Onde partilhamos muitas refeições de todos os dias. Os nossos almoços muito cúmplices. Pelo menos uma vez por semana. Que se iniciam sempre com o sorriso carinhoso dirigido aos saltos muito altos da Mar, no caminho da porta de entrada até à mesa. À mesa da Né. Quase cativa. Por ser a mesa dela ao almoço. Muito metódica, racional e disciplinada. Mas como eu: indisciplinada nos afectos. Nas coisas pequenas que podemos ser para os outros.
Mas a vida é para celebrar. Quotidianamente. E mais ainda quando se lembra o dia em que se iniciou uma vida. Então, era circunstância para mais um pedido à Cristina, da Casa dos Vouguinhas. Muito paciente, sempre. Desta vez, um bolo com uma camélia. Uma das flores preferidas da minha aniversariante. E ficou tão bonito. Mais uma vez, um presente em forma de bolo. Muito delicado. Massa de nozes e amêndoas e ovos moles. À mesa, mais flores. Orquídeas em copos de cognac. Velas com aroma a chocolate. E uma toalha bordada pela mãe da mãe Né. Para que também se assinalasse neste dia. Por lhe ter dado vida. Um dia que é memória de um arroz de polvo e gambas, porque ela gosta. Antecipado ontem, porque se antecipava a falta de tempo de hoje. E mais parabéns. Mais velas. Mais olhos brilhantes. E obrigada. Pelo dia das coisas pequenas. Um dia feliz. Que brilhou muito. Mais um dia aqui cristalizado. Feito de coisas pequenas da Mar. De amar. Como na música dos Madredeus. "Coisas pequenas".

10 comentários:

  1. Boa noite Mar
    Emocionei-me quando se me referiu por "minha"!É tão bela esta palavra! Obrigada!
    Que bom haver uma sogra que é tratada pela nora como mãe Né!Como gostava que,um dia,tendo noras, elas revelassem essa ternura por mim! Tratamento tão carinhoso revela grande cumplicidade e laços muito especiais, vividos por duas pessoas,de certeza, especiais.São pessoas assim que me fazem acreditar que um dia, a acompanhar os meus dois filhos terei duas filhas!
    Parabéns às duas! Que bom o António conviver com esse exemplo!
    Este Post preencheu os meus momentos antes de me deitar!(coisas de mãe de meninos de 24/25 anos!!!)
    Durma bem e descanse depois de um dia de trabalho tão intenso!
    Aquele abraço
    Emília Melo

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  2. Bom dia à "minha" Emília:)

    Também me emocionaram as suas palavras, Emília. A propósito da sua visita a Serralves. E das outras coisas. Foi uma reacção boa a uma coisa boa:)
    Há, realmente, uma grande cumplicidade entre mim e a minha sogra. Construída. Apesar de divergirmos em muitas coisas. Mas que são sempre resolvidas, esclarecidas. Para não haver sombras a pairar. Creio mesmo que aquilo que faz com que haja tantas tensões nas relações entre as pessoas, é muito motivado pelo não dito. Por aquilo que não é assumido frontalmente. Fui e sou assim com a minha sogra. E isso faz com que o carinho que sinto seja sem sombras. Verdadeiro.
    Espero que sim, que a vida lhe dê duas novas amigas: as mulheres dos seus filhos. É tão melhor assim, com sentimentos bons.

    E está um dia lindo, hoje! Um beijo para si. Da Mar.

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  3. Muito bonita a tua mesa para a Né.
    Festejar um aniversário e um dia de sol.
    Apetece as cores da vossa mesa.
    As flores por copos as velas a condizer.
    E o bolo da loja dos Vouguinhas, ficam sempre lindos.. como aquele cubo branco uma vez !

    Um beijinho, das Caldas.
    Para a minha amiga dos chás de sempre, e copos de água e de muitas coisas :)

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  4. Olá, minha amiga nas Caldas:)

    Uma mesa muito à pressa:) Mas sim, um dia de sol faz milagres. Apetece dar cores às mesas. E ter bolos com flores. O cubo minimalista para o teu Pedro e para o meu Vasco. Inesquecível. E tão simples.

    Um beijinho para ti. Da tua amiga dos chás, dos copos de água. E amanhã estás cá!

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  5. Coisas pequenas mas que afinal são tão grandes. Porque a Mar cuida, dedica (nem que seja uns minutos) (d)o seu tempo a dar atenção e a fazer coisas que por muito que lhe pareçam pequenas pela falta de tempo têm uma grande repercussão no coração das pessoas. E por isso são grandes. Muito grandes.
    Uma das muitas coisas que admiro em si.
    Mais uma bela mesa, com cores primaveris e flores da estação.
    Um beijo grande com votos de um excelente f-d-s, minha querida Mar, indisciplinada nos afectos. ;-)
    De uma Sandra constipadita e sem grande energia, mas muito grata pelas suas visitas ao meu cantinho.

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  6. Mar:
    Sei que hoje continua esta celebração. Que te mereceu tantos cuidados, ainda que num dia a correr. Como têm sido estes nossos últimos dias!...
    Um beijo doce de fim-de-semana. Com sol.
    Babette

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  7. Olá, Mar
    Nos últimos dias tenho andado um pouco ausente. Numa fase zen, associada à reconquista de alguma liberdade.
    Na imagem mental que contrui da Mar, os sapatos altos são um elemento essencial. Sapatos de bailarina que lhe dão asas para voar. Mas claro que a imagino sempre com uns sapatos de sola vermelha ...
    bjs

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  8. Para a Sandra:

    Espero que por esta altura esteja melhor. Bem que estranhei a sua ausência, na semana passada. Está a ver como são as coisas? Sentimos a falta das pessoas:)
    Se calhar, as coisas pequenas são grandes. Creio que sim. É como na vida de todos os dias: há tanta sabedoria e encantamento nas coisas pequenas. Basta olhar, reparar.
    E sim, minha querida Sandra. Sou indisciplinada nos afectos. E, por isso, dedicada a eles. Nem que seja só um bocadinho. Não consigo ser de outra maneira com os meus afectos:) Então, dedico-me. Indisciplinadamente.

    Um beijo de melhoras para si. É muito bom ir espreitar o seu cantinho, em busca de receitas e de um bocadinho de encantamento:)

    Mar

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  9. Pois foi, minha amiga doce. Continuou a celebração, no Porto. Desta vez, mais alargada. Com mais tempo. Via-se um dia lindo da janela. A apetecer parar de correr. Ou que os dias não sejam tão apressados, não sei.

    Um beijo para ti. Já em casa.

    Mar

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  10. Olá Fa:

    Eu percebi. E senti necessidade do mesmo. É bom preservarmos a liberdade dos nossos espaços interiores. Liberta-nos e torna-nos mais disponíveis para os outros, curiosamente.
    Muito lindo ter sapatos de bailarina numa representação mental:) Os meus sapatos de bailarina. Aparentemente delicados. Aparentemente. E os de sola vermelha. Quase sempre. Nos meus pés que querem voar. Desde pequenina.

    Um beijo para si. Que esteja bem. Em paz.

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