Pretérito Perfeito






Tão belo que um tempo verbal tenha reminiscências poéticas. Primeiro pela origem das palavras. Pretérito, praeteritum, que é o mesmo que dizer passado. E perfectum, que se refere a algo acabado, terminado. Assim, este tempo verbal poético exprime uma acção terminada no passado. É bom pensar nas palavras. E nos lugares de onde surgiram. A mim, soa-me sempre bem, esta formulação. Gosto de repetir: pretérito perfeito. E pretérito imperfeito. Por também gostar das acções que começam algures no passado, mas que se estendem. Imperfeitas. Não acabadas.
O meu fim-de-semana foi assim. É agora um pretérito perfeito. Sendo que agora acrescentaria mais sentido à etimologia. Perfeito. Não por já ter terminado. Mas por se ter aproximado da minha ideia de perfeição. E começou na sexta-feira, num almoço-surpresa, em que se procurou celebrar o (re)nascimento de uma colega de trabalho. Porque nos esquecemos do aniversário dela. E, então, decidi que a Paula iria (re)nascer no dia 28 de Janeiro. Num dia de trabalho, numa hora de almoço breve, a surpresa de um bolo em forma de conta-quilómetros a marcar os quarenta. E nós todos juntos. A partilhar uma refeição que foi aquilo de que ela mais gosta. Mais uma vez, um pedido à Cristina, da Casa dos Vouguinhas, que transforma as características irrepetíveis de cada um, em bolos de aniversário que geram olhares surpreendidos e felizes. Foi assim com o meu bolo em forma de sapato Louboutin. Foi assim também com este conta-quilómetros. Sempre nos quarenta, pela prudência que caracteriza a aniversariante.
E Viseu no sábado. O sítio da minha primeira morada. Por ter nascido lá. E, mesmo que a minha casa seja eu, os sítios onde estiver e as pessoas que amo, este há-de ser sempre um lugar de regresso. Desta vez, por causa de um filme com uma das minhas actrizes preferidas, a Julianne Moore. O Preço da Traição. E depois, olhar as ruas e as casas, porque sim. A Despensa da Praça. Em busca de vinhos e compotas, numa mercearia com armários altos. Uma loja dos anos 20, que já foi muitas coisas e agora é um sítio onde se acumulam objectos belos. E que se chama Rústica. E uma livraria. A Pretexto. Livros e um sítio onde parar para café quentinho e torradas com manteiga. E olhar para a rua.
E a música que veio comigo para casa. Kanye West. My beautiful dark twisted fantasy. Porque gostei tanto que houvesse bailarinas vestidas de negro no vídeo da minha música preferida: Runaway. Enquanto espero por Black Swan. O filme sobre uma bailarina que quer ser um cisne negro. E a música vai enchendo de dança a espera. Esta que partilho aqui.

http://www.youtube.com/watch?v=Bm5iA4Zupek

9 comentários:

  1. Querida Mar,
    Quantas descobertas ... O bolo de aniversário, a visita a Viseu, cidade que praticamente não conheço, a música e o vídeo numa conjugação exemplar de som, cor e movimento. Apesar de continuar sentada no meu escritório, acabo de fazer uma pequena/grande viagem neste final de domingo, conduzida pelas palavras perfeitas que aqui nos deixou. Uma excelente semana para si. bjs

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  2. Boa noite.Parabéns pela bonita mesa com um fundo sem dúvida espectaular e pelas palavras bonitas dirigidas á família.Quanto ao comentário sobre o meu estabelecimento denominado Rústica,o meu sincero obrigado A foto da porta datada dos anos 20(assim como todo o espaço envolvente)está muito bem tirada. Fico feliz por si ter passado um óptimo fim de semana.Foi um prazer conhecê-los. Até sempre
    Atenciosamente
    Rosário Nascimento

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  3. muitas coisas para eu descobrir em Viseu, o café e as lojas. Já apontei!

    gosto muito de te ler aqui, enquanto ouço.
    My beautiful dark twisted fantasy.

    Obrigada pelo chá a fugir !
    Beijinhos!

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  4. Mar
    Já tentei escrever um comentário e várias vezes o apaguei.As palavras não saem.Estou impressionada com a coincidência que me perturba o fluir das palavras!O meu filho mais velho está a trabalhar em Viseu desde o início do mês.Foi fazer o internato da especialidade no hospital S. Teotónio.Sabe onde ele vive? No prédio que fotografou na R. do Comércio!
    beijinhos(não consigo dizer mais nada!)
    Emília Melo

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  5. Para a Fa:

    Fico muito feliz que as palavras e a música a tenham feito viajar um bocadinho. Numa noite de domingo. A música é, realmente, muito bonita. A melodia persistente de um piano. E as bailarinas.

    Um beijo de boa semana para si, querida Fa.

    Da Mar

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  6. Para a Rosário:

    A sua loja dos anos vinte foi parte significativa de um sábado feliz. E deu origem, pelos objectos que de lá vieram, a um domingo muito de guardar. Ainda não usei as asas de anjo que trouxe. Mas sei que elas irão fazer parte de algo que, para mim, há-de aproximar-se da ideia de beleza. Desejo tudo de bom. Para si. E para a sua loja muito bonita. Onde pretendo voltar muitas e muitas vezes. Obrigada pelo comentário. E pela visita.

    Beijo da Mar. Porque também gostámos muito de a conhecer.

    PS: Ainda não arranjámos aplicação para aquela peça em ferro de que o meu marido gostou muito. Mas também há-de haver um lugar para ela, certamente.

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  7. Para a Pipinha:

    Gosto muito que tenhas gostado de me ler, enquanto ouvias a nossa música preferida. De certeza que coincidimos nisso e estivemos a ouvir Runaway ao mesmo tempo.
    Viseu no blog da Mar. E as Caldas da Rainha, daqui a pouco tempo. Uma visita guiada pela minha amiga que está longe.

    Beijo de boa semana!

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  8. Para a Emília:

    Já viu como são as coisas? As coincidências? Que curioso, isso. De o seu filho trabalhar aqui tão perto. De eu ter fotografado o prédio onde vive.
    Sabe, só podem significar coisas boas, estas coincidências. Acredito que sim.

    Um beijo sem mais palavras, também. E que corra tudo bem ao seu filho médico, aqui em Viseu. Que seja feliz na minha cidade.

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  9. A forma poética como escreveu, fez-me pensar que estava a ler um roteiro de outra cidade qualquer e não sobre a cidade onde vivo!
    Ainda bem que tropecei aqui hoje! Coincidências felizes! :)

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