As mesas que acolhem.

Um fim-de-semana feito de refeições demoradas. Mas descontraídas. Sem contar, num sábado cheio de chuva, umas palavras breves e felizes a falar de um jantar na casa da Mar. E a minha preparação rápida de uma mesa, de creme de cenoura, ovos e espargos, risotto e brownies. Uma ementa em ritmo acelerado. E a Mar a precisar de solidão e de música. Para pôr a mesa em silêncio e para acender as velas. Todas as velas que receberam os meus amigos para jantar. À entrada de casa, na mesa, à volta da mesa e lá fora, nas lanternas de pedra do jardim, marcadas pelo tempo e pelo musgo.

No dia seguinte, o António pediu para pôr a mesa. E eu acedi, sem intenções pedagógicas, mas enternecida por ir ouvindo o meu filho a repetir em voz alta as minhas instruções: o guardanapo à esquerda, os copos à direita, a colher junto à faca, mas não muito e o prato pequenino do pão à esquerda. Eu só precisei de fazer uns ajustes na mesa do meu filho de olhos brilhantes. E de lhe dar um abraço feliz, com os meus olhos brilhantes. Por ter ensinado o princípio da autonomia ao meu filho. Em forma de mesa. O legado mais precioso da minha mãe. A autonomia. Aplicada ao sentido de casa. E às coisas que podemos fazer com as nossas mãos.  

12 comentários:

  1. Bom, já não serei a única a saltar do blog da Babette para o seu, na mesma toada de belos textos, mesas lindas, criatividade misto de juventude e classicismo...enfim, um encanto estes dois espaços!
    Sabe tão bem vir aqui este bocadinho, parabéns!
    Beijinho

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  2. Olá, Mar
    São mesas luminosas mas que ao mesmo tempo induzem à calma e ao convívio. bjs

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  3. O título do post está fantástico. Como as mesas. Que acolhem mesmo.... Quase me senti aí sentada... A toalha da segunda mesa é linda!... E adorei a conjugação de todos os pormenores: flores com velas, copos misturados, pratinhos de pão e tacinhas de manteiga (?)...
    Um beijo
    Babette
    PS. No meu post de ontem há um comentário que a elogia a si. E que eu confirmei. Vá lá ver...

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  4. Para a Lusitana:

    Fico feliz por dar bocadinhos felizes:), que saibam bem. E também por dizer. Por registar esses pedacinhos de tempo. Obrigada mais uma vez pela generosidade em forma de palavras. Acho muito bela esta possibilidade, de o registo virtual dar origem a coisas tão bonitas. As suas palavras, o blog da Babette e os outros que tenho vindo a conhecer, a partir deste cantinho.

    Até à próxima? Beijo da Mar

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  5. Para a Fa:

    Tinha saudades suas! Vou escrever-lhe agora e a seguir vou espreitar o seu blog. Não pode fazer isso, sabia? Depois as pessoas sentem falta de ir ver o que fez para o jantar:) Por isso, sinta-se pressionada a ir publicando posts regularmente. Obrigada pela visita!

    Beijo da Mar

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  6. Para a Babette:

    É mesmo precioso que repare nos pormenores. Porque eu também reparo nos pormenores das suas fotografias e textos. A segunda toalha é uma manta de seda, que herdei da minha avó. Gosto muito dela, embora o meu marido não partilhe esse gosto:) Gostei muito que as mesas de fim-de-semana tenham acolhido os meus amigos. E que a acolham a si. Obrigada por si e pelas suas visitas regulares, a que correspondo com alegria.

    Beijo da Mar

    PS: Estou curiosa:)

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  7. Para a Babette (outra vez):

    Já li. Que generosidade! Está a ver como o seu blogue é mesmo um sítio especial? Tão cheio de pessoas especiais.

    Mais um beijo. E obrigada também pela sua réplica. Um vício? :)

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  8. Para a Emília Melo:

    Devo agradecer muito as palavras que deixou no espaço da Festa de Babette, a propósito das palavras que deixo aqui, num espaço pequeno e virtual. Mas feito de coisas que eu gosto muito que existam, que sejam bem reais.

    Sinto-me grata.

    Mar

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  9. Um vício bom! Não leve a mal... No sentido de que a ausência de um post num determinado dia nos conduz assim a um tipo de privação, qual "addicted" sente falta do café ou do tabaco, por exemplo :)
    Babette

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  10. Mar
    Devo dizer-lhe que diariamente aguardo, com alguma ansiedade, os seus textos, as suas impressões, as suas fotografias!
    1ºpelos sentimentos de amor, partilha e união que semeia naqueles que ama e que, de certeza, a amam muito a si.As fotografias,o sentido estético, a beleza da escolha de cada pormenor são as sementes de uma colheita que se adivinha prenha de felicidade.
    2ºpela emoção que me transmite quando fala do António! Faz-me reviver a emoção que sentia quando transmitia aos meus rapazes( agora com 25 e 24 anos; um formado em Medicina, o outro no 5ºano do mesmo curso mas ainda solteiros e a viver comigo)esse amor pelas coisas simples do dia a dia, essa sensibilidade capaz de tornar as rotinas em momentos belos e, acredite,em pilares importantes para a construção de uma personalidade bem formada e difusora de felicidade.
    3ºpela forma criativa como lavra o campo das palavras!Uma escrita penetrante e, como diz a Babette, viciante.As frases curtas penetram na nossa mente e colam-se à razão e ao coração.
    É de certeza uma grande professora de Português! Só quem ama assim as palavras consegue fazer dos jovens bons escritores/ leitores.
    Continue a viver e a escrever assim! Quando o António tiver 25 anos e olhar para a Mãe, os seus olhos, os seus gestos reflectirão tudo aquilo que a Mar lhe tem vindo a legar.É o que sinto quando os meus rapazes me dão palmadinhas, carregadas de afecto, nas costas sempre que me veêm um pouco mais cabisbaixa!
    Um grande abraço
    Emília Melo

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  11. À volta, não se dá conta da azáfama da tarde e a mesa só conta as vontades de um jantar bom.
    e foi mesmo, a conversa, a lareira, as luzes, o sofá : )
    pela amizade de sempre e pela partilha de tempo, uns com os outros, umas com as outras. na amizade da tua casa acolhedora.

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  12. Sim, a azáfama não ficou na fotografia. Ficou o resto. E o resto é a mesa que foi feita para acolher. A Pipinha e o Pedro. A Joana e o José Luís. A Ina e o Afonso. Eu e o Vasco. Com conversa. E música de piano.
    Beijo da Mar

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