O céu visto do céu: homecoming

Uma imagem do céu perto de casa. E porque me lembrei de um documentário, que vi em tempos, O Belo e a Consolação. Uma conversa prolongada com um filósofo inglês, Roger Scruton. E ele falava disso, do significado de homecoming. Na sua casa no campo inglês, a beber chá por uma chávena um pouco esfacelada e a usar uma camisola com alguns borbotos. E então, mais até do que as palavras, conservei esta imagem, que para mim detém o significado real de casa. Principalmente depois de uns dias nos ambientes previsíveis e quase assépticos dos hotéis. Sítios onde não há loiça quebrada ou pó nas estantes ou compartimentos que não sejam climatizados. O regresso a casa também se faz disso: de amarmos a imperfeição que ela encerra. O ranger da porta de um armário, as sebes que precisam mesmo de ser cortadas, o chão dos terraços invadido pelas folhas de Outono. Todas as pequenas coisas que nos lembram a nossa imperfeição. Mas que nos reconfortam nessa imperfeição. Que nos abrem os braços em cada regresso. Porque sair de casa, às vezes, é querer voltar ainda mais.

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