Finalmente.






Levou tempo até que sim. Mas já está. A receita de bôla de carne. Sem ser em camadas. Sem levar horas de vida a fazer. Sem aquela formulação de deixar massa a levedar não sei quanto tempo. Penso sempre que depois de estar duas horas à espera que uma massa qualquer se decida a ficar pronta, já eu perdi a paciência e estou noutro filme qualquer:)

Enquanto fazia esta versão (pela terceira vez, para ver se corria bem e se dava para partilhar aqui:), apeteceu-me música que não me apetecia há imenso tempo. Algures durante os meus anos de faculdade, estaria a fazer comida, numa casa cheia dos meus amigos muito diferentes uns dos outros e de mim. E estaríamos a ouvir som acabado de acontecer e de chegar até nós. Limp Bizkit. Korn. Deftones. Os temíveis Slipknot:) Enquanto isso, eu estaria a fazer comida que fazia com que toda a gente matasse as saudades das mães a meio da semana. Por isso, os anos podem passar à vontade. Os cenários e as bandas sonoras também. Eu acho que serei sempre aquela que está a fazer comida e a ouvir música.

Bôla de carne my way:)

300 g de carne de porco (no talho, pedir da parte da costela, sem osso) + 1 chouriça (os bons talhos costumam ter produção própria) + 150 g de bacon + 1 cebola (picada) + meio copo de vinho branco + 5 ovos inteiros + 1 gema (para pincelar) + 2 tigelas de farinha + 1 tigela de leite + 1 tigela (mal cheia) de óleo + sal, azeite, coentros e pimenta preta q.b.

PS: A primeira imagem não está lá só porque eu achei piada à fotografia. Foi a medida que usei nesta receita.

Antes de tudo, cozer a carne de porco em água temperada com um pouco de sal, durante 30 minutos. Nos últimos 10 minutos, juntar a chouriça. Depois, retira-se as carnes da água e reserva-se, para arrefecer um pouco. A seguir, corta-se tudo em pedaços pequenos e também o bacon. Faz-se um refogado com a cebola e o azeite e, quando a cebola ficar translúcida, acrescenta-se as carnes. Tempera-se de sal, mais um fio de azeite e deixa-se refogar durante uns três minutos. Depois, o vinho branco, até evaporar. Por último, coentros picados, na quantidade que quisermos. Retira-se do lume e reserva-se.
Numa taça, coloca-se os ovos, a farinha, o leite, o óleo, o sal e a pimenta preta. Bate-se muito bem durante cinco minutos. Depois, acrescenta-se as carnes e envolve-se com uma colher de pau. Leva-se ao forno num tabuleiro rectangular (médio) durante meia hora. Nos últimos cinco minutos de forno, retira-se e pincela-se com a gema de ovo dissolvida num fio de leite. E está. Pronta para partir em cubos pequenos e fazer as delícias de quem estiver por perto.

E a tal música que me apeteceu ouvir. Memória do único concerto em que a minha falta de medo e muita vontade de estar no epicentro da minha música podiam ter corrido mal. Mas não correu, que no dia seguinte já estava a fazer comida outra vez:)

Para o fim-de-semana:)





Depois deste filme, o que me apetecia era andar. Parece que prolongamos as narrativas, assim. A caminhar. Os ruídos do mundo à volta e tudo o mais, mas como se houvesse um filtro qualquer entre nós e tudo o que acontece enquanto caminhamos. É assim. Na sequência de um filme, não gosto assim muito de falar. Também não gosto de ir logo à minha vida, como se não tivesse acontecido nada de especial. Por isso, nada melhor do que beber um Kir Royal muito silencioso, num sítio mesmo em frente ao mar.

Gostei de estar neste lugar, na Foz. Das comidas ligeiras que são servidas com o champanhe que nos apetecer. Que podemos beber puro. Ou nas combinações que quisermos. E claro que sim, que hei-de voltar. Com ou sem filme antes:)

Duas coisas boas, a antecipar o fim-de-semana: um filme e um lugar.

Deixo o site. Este texto sobre. E a música de abertura de um concerto que me fez muito bem:)

Até que.






Eu odiava canja. Quando era pequena. Tentava escapar-me por todos os meios. Creio que foi mais ou menos nessa altura que comecei a testar os limites da minha argumentação. E da paciência da minha mãe:) Para mim, um prato de canja era uma náusea só. Pensava repetidamente no que é que teria passado pela cabeça da mãe que tinha inventado a canja. Quando somos pequenos, achamos que as mães inventaram tudo:)

Até que...fui mãe. É que o meu filho adora canja. Pede-me muitas vezes para fazer. E é bem linda de ver, a felicidade dele. A comer uma canja perfumada com hortelã, salpicada com raspas de cenoura e gemas de ovo. E, anos mais tarde, gosto imenso. Foi preciso um "até que" e algumas das minhas adaptações. Mas ainda bem, porque não sabia o que andava a perder:)

Canja

1 embalagem de frango do campo para canja (cerca de 700 g) + 2 cenouras + 1 talo de aipo + 150 g de massa para canja + 1 litro de água + 3 gemas de ovo + sal e folhas de hortelã q.b.

Primeiro, lava-se bem todos os pedaços de frango e coloca-se numa panela com o aipo, a água e o sal . Leva-se a cozer durante 30 minutos. Decorrido este tempo, elimina-se o talo de aipo, retira-se os pedaços de frango e reserva-se, para arrefecer. Junta-se a massa e as cenouras raladas à água que ficou na panela e deixa-se ao lume, mexendo de vez em quando. Entretanto, desfia-se o frango e corta-se todos os pedaços de fígado em pedaços pequenos. Junta-se depois ao caldo que está ao lume e mexe-se. Nesta altura, rectifica-se de sal e de água, se necessário. Logo a seguir, as gemas de ovo. Devem ser colocadas com cuidado, para não se estragarem. Deixa-se cozer durante cinco minutos, até serem retiradas e cortadas em pedaços pequenos. Por fim, junta-se as gemas partidas, as folhas de hortelã e está pronta.

Para ouvir, uma das matrizes do hip-hop, com aquele traço de soul. The Fugees. Som (mesmo) bom de dançar:)

Uma ironia e um caril de frango com maçãs.





Nenhuma das minhas avós cozinhava. O que significa que, das minhas memórias de criança, não faz parte aquela cena de estar junto a uma avó carinhosa, enquanto ela fazia compotas e bolinhos para o lanche. O que me custa um bocadinho é não ter um aroma ou um sabor qualquer para associar a nenhuma delas. São memórias meio insípidas, antes. A verdade é que nunca perco muito tempo a pensar nisso. Mas hoje lembrei-me. Enquanto fazia este caril. Por ter inspiração na receita da avó do meu marido. Ela sim, cozinhava. Muito. Por gosto, segundo dizem. As coisas são como são. Ou foram como tiveram de ser, quando são irrecuperáveis, como no caso da minha infância sem avós que faziam comida.

Ironia das ironias: eu faço comida. Muita. Todos os dias. E todos os dias gosto mais um bocadinho. Não obstante tudo o mais. O que já passou, o que está a acontecer e o que está para vir.

Caril de frango com maçã e outras coisas

Ingredientes para 4

4 peitos de frango do campo + 1 cebola (média) + 2 dentes de alho + 1 tomate (maduro e médio) + metade de uma malagueta vermelha + 1 colher (de sopa) de molho inglês + sumo de meio limão + 1 maçã (variedade Pink Lady) + 400 ml de leite de côco + 1 copo de vinho branco + 3 colheres (de sopa) de caril + 1 colher (de sopa) de côco ralado + 1 colher (de sopa) de Maizena Express + sal, azeite, coentros e pimenta preta q.b.

Primeiro, corta-se os peitos de frango em pedaços. Coloca-se no tacho onde vão ser cozinhados e acrescenta-se isto: sal, a colher de molho inglês, os alhos e a cebola (picados), a malagueta (picada), o tomate (sem a casca e cortado em pedaços), o sumo de limão, coentros (picados) e um fio de azeite. Envolve-se muito bem (costumo fazer isto com as mãos) e deixa-se estar um bocadinho (não é preciso mais de 10 minutos), para tomar o tempero.

Decorrido este tempo, leva-se ao lume durante cerca de 20 minutos, mexendo ocasionalmente. Entretanto, dissolve-se o caril no copo de vinho branco e mistura-se com o leite de côco. Junta-se estas duas coisas ao frango refogado e envolve-se com cuidado. Tempera-se de sal e de pimenta e deixa-se apurar durante 5 minutos. A seguir, junta-se a maçã ralada (este é um detalhe que faz toda a diferença, porque ao ralar, conserva-se bem o suco da fruta) e envolve-se. Mais coentros, pimenta preta e sal, se necessário e a colher de Maizena, para ficar bem cremoso.

Quando for altura de servir, mais coentros picados na hora e uma colher de côco ralado. E está. Uma memória com aroma a caril. Oferecida a quem quisermos:)

Com a receita, um vinho branco muito mineral, que fica perfeito com este caril. E claro, uma das músicas que acompanhou isto tudo.

Pela noite.






Há comida que parece pedir noite. Não quer a luz do dia. Quando muito, uma meia-luz que adivinha uma noite longa. Comida assim como esta, que me faz pensar logo neste restaurante. A inspiração para dar uma segunda hipótese a cozinhar beringelas veio de lá. A memória de um bom jantar tem destes efeitos imediatos. Para além disso, é o género de comida que parece antecipar uma noite que se quer prolongar, com aquele espírito boémio que vai parando em todos os lugares onde a música seja mais forte do que nós:) Sítios assim como este, por exemplo.

Numa versão de noite em casa, naquela cadência demorada, é uma entrada que pede mesmo que se aproveite (bem) cada bocadinho. Da comida e da conversa em torno da comida.

Beringelas que vão ao forno duas vezes:)

Ingredientes para 4

2 beringelas + 1 lata de tomate em pedaços (400 g) + 1 cebola + 3 dentes de alho + metade de um pimento amarelo + 3 folhas de manjericão fresco + 150 g de queijo mozzarella (ralado) + 1 colher (de sobremesa) de açúcar + azeite e sal q.b.

Lava-se as beringelas e corta-se em rodelas. Coloca-se na grelha do forno, salpicadas com um pouco de sal e deixa-se estar durante 15 minutos (a 180ºc). Entretanto, faz-se um molho de tomate ligeiro: cebola e alhos picados e pimento amarelo cortado em cubos pequenos num fio de azeite. Junta-se o tomate, um pouco de sal e o açúcar e deixa-se cozinhar durante cerca de 10 minutos. No fim do tempo, as folhas de manjericão picadas.

Coloca-se as rodelas de beringela na base de um recipiente que possa ir ao forno, depois o molho de tomate e por último, uma dose generosa de mozzarella. Vai ao forno a 200ºc até gratinar (cerca de 10 minutos).

E música que podia bem ser a banda sonora de uma deambulação nocturna. Ou de um jantar prolongado.

Lá fora.







Assim que as mesas começam a ser postas lá fora, é oficial. Cortámos com o Inverno. Na semana em que começa a Primavera e em que se adivinha mais e mais sol, comecei com um almoço no meu jardim. Numa mesa sem toalha, naquela cadência descontraída de piquenique.

Para servir, o meu spaghetti com manjericão. Nunca ninguém quer só um prato deste spaghetti. Sempre só mais um bocadinho:) E é assim simples como devem ser as receitas mediterrânicas, concebidas por gente que sabe aproveitar bem a vida. Quando é assim, cozinhar e comer são dois prazeres num só.

PS: Para pôr a mesa sem toalha, converto estas bases em individuais disfarçados. Uma solução que resolve a parte estética e garante que as mesas não ficam estragadas.

O tal spaghetti com manjericão fresco

ingredientes para 4

250 g de spaghetti (uso sempre este) + 1 cebola vermelha (média) + 4 dentes de alho + metade de um pimento vermelho + meio copo de vinho branco + 1 lata (400 g) de tomate em pedaços + 1 colher (de sobremesa) de açúcar + 15 azeitonas (maçanilha) + 8 folhas de manjericão (fresco) + 10 nozes + 1 l de água + azeite, sal, pimenta preta e Parmesão q.b.

Primeiro, coze-se o spaghetti em água com sal e um fio de azeite (7 minutos, para ficar no ponto). Decorrido este tempo, transfere-se para um escorredor e passa-se logo por água fria e abundante, para suspender bem a cozedura e retirar a goma da massa. Reserva-se. Entretanto, pica-se a cebola e os alhos e corta-se o pimento em cubos pequenos. Leva-se ao lume numa caçarola, com um fio generoso de azeite. Deixa-se refogar durante uns três minutos. Entretanto, acrescenta-se o vinho branco e deixa-se evaporar. Junta-se logo o tomate em pedaços, tempera-se de sal, acrescenta-se o açúcar e deixa-se cozinhar durante 10 minutos. Depois, é só juntar o spaghetti cozido, 4 folhas de manjericão (picadas), pimenta preta e envolver bem.

No momento de servir, uma taça com estes ingredientes: Parmesão ralado, nozes picadas grosseiramente, azeitonas partidas, as restantes folhas de manjericão e um fio de azeite, para harmonizar bem esta mistura. À mesa, esta taça, junto da massa. Basta colocar por cima do spaghetti e vamos a Itália num instante:)

E fica a banda sonora do tal spaghetti. Um som boa onda para dias de sol:)

No espírito:)





Não é bem de servir à mesa, esta entrada. É mais de circular, naquele espírito descontraído, enquanto se antecipa o tal momento de sentar. A maior parte das vezes, coisas assim deste género acabam por acabar bem antes de irmos para a mesa. A maior parte das vezes, coisas assim deste género acontecem ao ritmo daquelas actualizações iniciais de informação, à medida que chegam os que vão partilhar uma refeição. Irresistível, fresca, aromática. Adivinha-se o que está ali, mas não se sabe bem. Na dúvida, vai desaparecendo, ao ritmo daquelas observações cruzadas que tentam adivinhar:) E sim, perfeita para dias como os que têm acontecido. Mesmo bem no espírito que quer sol.

Mousse fresca de mascarpone com tomate e coentros

1 cebola roxa + metade de um pimento amarelo + 1 tomate (médio) + 200 g de queijo mascarpone + coentros, sal e pimenta preta q.b.

Pica-se a cebola, o pimento, o tomate e os coentros. Coloca-se numa taça e junta-se o mascarpone. Envolve-se muito bem (sem bater, para ficar cremoso). Tempera-se com sal e pimenta preta e mexe-se novamente. Leva-se ao frio. Antes de servir, mais pimenta preta. Serve-se com tostas muito finas. E este é um detalhe que faz toda a diferença, porque sabe muito melhor. Uso sempre estas.

E uma música que me faz (sempre) feliz:) A pensar no concerto deles. Aqui.

Um escultor à (minha) mesa.








O que é que faz com que, num momento qualquer, as pessoas coincidam? Que dados aleatórios? Que estrelas? Que ventos? Raramente se sabe a que lógica é que obedecem estas coisas. Neste caso, até que sei a resposta. Uma escultura feita paixão. Um bloco de mármore esculpido pelo Rogério Timóteo fez com que acabasse por vir até aqui. Para garantir que estes dois corpos ficavam bem instalados:) E para um almoço num dia bem luminoso.

Para memória futura, fica a comida. A comida é assim como uma arte. Não permanece, é certo. Mas gera emoções tão imediatas como uma escultura muito bela. Como esta. Única. Que vive agora aqui. Muito perto de mim.

Queria que a comida dissesse coisas sem palavras. Eu até gosto de falar e de escrever e tudo o mais, mas a minha maneira de comunicar coisas realmente importantes é esta: a fazer comida. Para este dia, chutney de manga e gengibre, associado a queijo da Ilha. Uma sopa de rabo-de-boi que justificará um post, lá mais para a frente. Este prato principal. E a "minha" mousse de chocolate com nougat de figos. Desta vez, com um toque de whisky. Para servir antes do doce, esta descoberta recente: ananás assado com tomilho. Muito fresco. E a lembrar-me (mais uma vez) que a simplicidade sabe sempre tão bem:)

Ananás assado com tomilho fresco

1 ananás + açúcar mascavado e folhas de tomilho fresco q.b

Descasca-se um ananás e corta-se em rodelas (dá para cerca de 8 rodelas). Coloca-se as rodelas directamente numa grelha e leva-se ao forno a 180ºc durante meia hora (quinze minutos para cada lado das rodelas). Salpica-se depois cada uma das rodelas com açúcar mascavado e deixa-se estar no forno durante os restantes cinco minutos. Retira-se, deixa-se esfriar um bocadinho e espalha-se as folhas de tomilho, tendo o cuidado de as esfregar ligeiramente entre os dedos, para libertar mais o aroma fresco do tomilho. Quando arrefecer completamente, leva-se ao frigorífico (ou ao congelador) se a pressa for muita:) E é uma benção, quando se serve.

NB: Apesar dos muitos sinais em sentido contrário, sou extremamente pragmática:) Por isso, esta receita é daquelas que nos poupam tempo e paciência. Pode ser feita de véspera e guardada no frio até uma aparição que corre sempre bem.

Neste texto, deixo música que é intemporal como a arte do Rogério. Hei-de gostar sempre desta música. Hei-de gostar sempre desta escultura.

Para os meus três convidados deste almoço. A Laura, a galerista que nos deu a conhecer esta escultura. O José António, o assistente do Rogério. E para ele.

Taberna da Rua das Flores.







Para começar, fica numa rua que não é só linda de nome. A Rua das Flores, em Lisboa. E então, não precisava mesmo de ter outro nome que não este: Taberna da Rua das Flores.

Não foi a primeira vez que ali fui almoçar. O que, por si, é bom sinal. Tantos os sítios onde só fui uma vez, sem vontade de voltar. Não aqui. Comida boa, da nossa matriz, mas com uns rasgos bem interessantes e de outros mundos. E isso passa por comer uma sopa de peixe com o melhor que vive no nosso imaginário e acrescentar-lhe uma inspiração japonesa, por exemplo. Ou uma bolonhesa deliciosa que parece juntar aquele quê de Itália à nossa maneira de comer atum fresco, salpicado com coentros acabados de picar. E há o pão consistente, honesto. O vinho da casa. As limonadas e a água fresca servidas em jarros muito essenciais. O azeite. A loiça. A maneira como aquele espaço foi aproveitado, com uma série de detalhes que o tornam próximo da imagética inevitável, associada às tabernas, mas irrepetível.

E é um lugar despretensioso, ligeiro, transversal. Nota-se que o foco está no que realmente interessa e que tudo o mais é conversa:)

Para perceber mais a filosofia deste lugar que me é tão especial, deixo este artigo da Alexandra Prado Coelho. E mais banda sonora.

A propósito de Lisboa.










Adoro Lisboa. Pelos motivos das outras pessoas todas. E muito pelos meus, inevitavelmente. A luz. A mistura. A possibilidade de qualquer coisa inesperada ao virar de uma esquina. Normalmente, há lugares a que regresso sempre. Aos húngaros da Bénard. À Pizzaria Lisboa. À Igreja da Nossa Senhora da Encarnação, no Chiado. À República das Flores. À BDMania, desde que descobri que o meu filho segue o culto das bandas desenhadas e dos super-heróis que dão cabo dos maus todos e ainda ficam com a miúda mais bonita no final de tudo:)

Mas do que eu gosto é de andar sem estar a pensar no destino. O carácter deambulatório de Lisboa. É diferente das outras cidades todas. Não há mesmo a noção de objectivo. Andar só por andar. Os antiquários, as livrarias, as galerias de arte. Desta vez, fui ter ao Noobai, no Miradouro de Santa Catarina. E deixei-me estar, a aproveitar o sol e um gin tónico.

Para além destas deambulações, há esta exposição temporária, no Museu Nacional de Arte Antiga. Um dos nossos museus mais bonitos. Vale sempre por si, mas mais até ao final de Março, por causa da tal exposição.

Dois dias do oxigénio frenético de Lisboa. Não precisei de mais. No regresso, um convite no email. Para o Mercado Gourmet no Campo Pequeno. No próximo fim-de-semana. Um mercado enorme, só com produtos de pequenos produtores nacionais. Mais um pretexto para ir a Lisboa:) Enquanto não, música que é tão de dançar.



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