Bom mantê-la perto. Digo, a ideia dela. Da finitude. Da mortalidade. Da palavra que custa dizer. Ou pensar. O detalhe estará numa coisa muito elementar. Tudo aquilo que é nomeado, dito, identificado, é passível de ser integrado. E a vida com coisas integradas depois de pensadas, é uma vida que vale sempre a pena ser levada. Seja lá até onde for. O confronto. Ainda que custe muito. Ainda que doa. Acaba por determinar em grande parte a ética quotidiana de que vou deixando rasto. Aqui. E em outros registos mais ou menos silenciosos. A noção de que há um lugar para onde todos caminhamos é estranhamente libertadora. Por um lado, porque há nessa libertação uma componente de aceitação. Por outro, porque nos interpela ao mesmo tempo que nos diz para aceitarmos. Uma convocatória tácita. Podemos ignorá-la, fingir que não é nada connosco. Ou então, não. Há algum tempo que escolhi o segundo "ou". Por todos os "ses" que consigo conceber ou antecipar. E por saber que cada representação do belo e do bom invoca aquilo de nós que não quer morrer. Apesar de sabermos que sim o tempo todo.
A mesa que fica hoje traz a abstracção para a mesa. A grande questão acaba por ser mesmo a da Morte. Tudo o mais são maneiras que vamos inventando para nos aproximarmos de tudo o que nos pareça vagamente imortal. Como a beleza de uns sapatos. Ou a fragilidade de um corpo a extinguir-se. A ser capa de um livro que é sobre isso mesmo. Aquilo que de nós se extingue. Aquilo que de nós permanecerá. Vanitas. Foi essa a designação para a mesa. O nome para a representação inequívoca do mais inequívoco dos conceitos.
Partilho um texto que será, seguramente, um dos mais partilhados. A propósito da vida e da morte. Do amor e das perdas. Um dos muitos textos certos. Do género de dar dimensões certas às coisas mais incertas de todas.
http://news.stanford.edu/news/2005/june15/jobs-061505.html