Um jantar. Uma mesa. As flores que vieram parar aos meus braços. Velas. Muitas. Pontos de luz espalhados pelo jardim. Tudo a querer agradecer. Tudo a querer ser uma homenagem possível. Aos que há uns meses foram isso mesmo: uma homenagem a alguém que lhes persistiu na memória. Uma espécie de reacção em cadeia, estas coisas. Sucedem-se umas às outras. Um gesto há-de motivar outro gesto. De uma palavra nascerá outra. Um momento pode arranjar sempre hipótese de fazer acontecer outro. Repercussão grata do que nas nossas vidas é dádiva. Quando é assim, temos mesmo de fazer alguma coisa. Eu fiz aquilo que é à minha medida. Pensei numa ementa. A seguir, os passos para que saísse do pensamento e fosse real e efémera. Depois numa mesa. Na maneira como as coisas se conjugariam. Tal como acontece nos nossos percursos. Peças a conjugar-se. Puzzles inacabados, que somos. Nunca sabemos bem. Como ou quem ou o quê. Mas quando as pessoas (nos) acontecem assim, o imperativo é procurar ser digno.
E então, a memória deste jantar será sempre iluminada. Por tudo aquilo que nos outros é sublime. E nos faz querer ser merecedores. Da graça de nos terem acontecido.