Isto de o ar ser quase irrespirável, de tão denso. Quente, por todo o lado. Em todos os lugares, isto de se estar só quente. De querer água. Fria. Corrente. E não ser uma coisa de lamento. É bom que o sol seja franco. Que seja mesmo de Verão. Que faça acontecer mais Verão, o sol declarativo. Que se queira mais sol. E de repente, a pele fica de um dourado leve. Ainda sem praia. Mas um bocadinho de ouro na pele. Pelo sol que é ouro, de tão quente. Uma maneira de acontecer Verão é querer também as antíteses. Fresco. Vento. Brisa. Gelo. Gelado. Este é de natas. O favorito do meu filho. Que andava há dias a perguntar se já havia o calor todo, para a mãe fazer gelados:). E então, num dia em que o calor foi suficiente, houve gelado de natas. Com direito a uma assistência vagamente inquisidora, de uma criança ansiosa por uma das antíteses do Verão. Um gelado de natas com uns pozinhos de bolachas de chocolate. Para ele ficar ainda mais feliz, por ter um bocadinho de frio num dia quente.
Faz-se assim, esta maneira de viver mais os dias em que o respirar é quente:
3 pacotes de natas + 1 lata de leite condensado + 5 bolachas Maria de chocolate.
Bate-se as natas até ficarem bem firmes. Junta-se-lhes a lata de leite condensado, envolvendo bem. Vai ao congelador. Antes de servir, polvilha-se com as bolachas raladas. Para ficarem à superfície, antes de se integrarem no gelado branco de que o meu filho gosta muito:)
Uma maneira afirmativa de negar o Verão. Filtrá-lo. Vir cá para fora. Ver o mundo por um filtro. E comer um gelado no meio do calor todo que há cá fora. E esperar que não derreta, entretanto:)