A day of plenty


Um dia significativo. Por ter sido cheio de sol. Por ter sido passado no Porto. Por ter olhado o mar, durante muito tempo, enquanto almoçava num dos meus sítios de eleição. De amar, mesmo. O Shis continua a ser um daqueles restaurantes onde se regressa com um misto de novidade e de reconhecimento. Porque se sabe que vai ser tudo bom: a sopa, as entradas, o pão, o serviço, os pratos principais, o serviço e o espaço, pensado pelo Paulo Lobo. E depois há sempre o mar, ali tão perto.
Deixo o link, para quem quiser saber mais. E para prolongar a vontade de ir lá.

Creme de ervilhas


No mercadinho da Dª Alice havia ervilhas. Delicadas e de um verde irresistível. Claro que pensei em transformá-las rápido em qualquer coisa de comer. Então, resolvi fazer um creme aveludado. Mesmo rápido de fazer: cebola picada, duas courgettes, azeite e, finalmente, as ervilhas. Depois bastou passar muito bem, juntar sal e pedacinhos de bacon.
Agora a parte melhor: a de descascar as ervilhas. Um ritual de todos os anos. De início de Verão. Engraçado como as tarefas que executamos com as mãos nos libertam o espírito. Acho mesmo que todos os filósofos se deveriam dedicar a descascar ervilhas :)
Outra coisa: com este calor, esta é uma sopa que pode ser tomada fria, em copos ou taças de vidro.
NB: Um beijo à Mafalda, por ter vindo almoçar. E pela conversa prolongada.

Ajustes felizes a uma mousse de manga


De vez em quando, nas minhas deambulações pelo supermercado do El Corte Inglès (os meus cumprimentos ao Pedro, do Club Gourmet, pela simpatia e pelas atenções pequeninas), encontro coisas novas e que podem passar ao lado a maior parte das vezes, mas que fazem toda a diferença, quando conjugadas com outras. E sim, apesar de ser uma cadeia de supermercados espanhola, a verdade é que há uma variedade incrível e, sempre que não consegui encontrar alguma coisa e deixei a referência, fui sempre atendida nesses pedidos. Por isso, neste e noutros aspectos, é um exemplo a seguir.

Isto tudo para dizer que encontrei umas cerejas confitadas, muito especiais e delicadas, que ficaram mesmo bem, integradas numa mousse de manga. Cortei-as em pedaços pequenos e embebi-as em licor de mirtilos durante meia hora. E a cor das cerejas ficou ainda mais bonita. E o sabor da mousse foi sublimado. Resta acrescentar que bastou então adicionar os pedacinhos de cereja ao creme e levar ao frigorífico. Pouco antes de servir, ainda houve tempo de pôr por cima mais cerejas confitadas. Que ficaram muito bonitas!
E a música foi quase sempre a mesma... Pink Maggit, dos Deftones. A combinação perfeita entre a suavidade da voz e a explosão das guitarras. Do silêncio antes da exaltação violenta.

Bolo de cenoura com creme de chocolate branco




A minha amiga Pipinha veio passar a tarde comigo. E arrastei-a para a cozinha, para experimentarmos fazer um bolo de cenoura em que andava a pensar há demasiado tempo. Foi, por isso, uma espécie de composição a quatro mãos. Que resultou num bolo absolutamente delicioso! E foi assim que nós fizemos:

8 ovos (gemas e claras separadas)+8 colheres de açúcar+8 colheres de farinha+3 cenouras raladas e previamente cozidas+sumo e raspa de 1 limão+50 g de manteiga.

Bate-se as gemas com o açúcar. E as claras em separado. Derreter a manteiga e juntar à mistura das gemas. De seguida, adiciona-se a raspa e o sumo do limão e as cenouras raladas. Mexer com muito cuidado e juntar as claras e a farinha, alternadamente. Levar ao forno durante 20 minutos (foi este o tempo no meu forno temperamental, dado a birras existenciais:). Entretanto, leva-se uma tablete e chocolate branco para culinária a derreter em banho-maria, com um pouco de manteiga. Quando estiver quase a derreter, junta-se um pouco de natas (sem bater) e um pouco de sumo de limão. No fim, basta espalhar generosamente pelo bolo e salpicar com raspas de cenoura e esperar que fique frio, para poder ser comido!

E a nossa banda sonora foi...Deftones. E evocámos com carinho as nossas mochilas, que estavam sempre prontas para os festivais de Verão:)

Mais um risotto...de gambas e coentros


Eu sei. Mas o que é que eu posso fazer? Adoro risotto. E adoro fazê-lo. E adoro que seja o meu jantar de domingo preferido. E é tão bom de fazer. Exige paciência e atenção e dedicação. Durante meia hora, não penso em mais nada. Concentro-me só em não estragar o meu jantar:)
Desta vez, pensei em associar coentros ao queijo parmesão, para ver se corria bem. E sim. Ficou muito bom.

Here's how it's done:
Cebola picada+courgettes pequeninas cortadas às rodelas+pimento verde+cenouras às rodelas. Refogar durante dois minutos. Juntar o risotto (desta vez utilizei arborio) e deixar fritar um pouco, mexendo sempre. Encher um belo copo de vinho branco e juntar ao risotto. Deixar que o vinho evapore e juntar água quente/caldo de legumes até cobrir o risotto. Juntar as gambas. Deixar evaporar mais uma vez e repetir a operação de adicionar mais uma dose de caldo de legumes e um pouco de sal. Desta vez, quando estiver quase a evaporar, juntar uma noz de manteiga e queijo parmesão (quanto quisermos). E coentros picados. E comer de seguida. Só com o garfo. Like italians do:)
NB: Peço as mais sinceras desculpas aos meus amigos fotógrafos. Pela fotografia. Que não faz justiça ao meu risotto. Acho que estava com pressa de jantar:)

Creme de chocolate com cognac, nougat de figos e framboesas


Queria reproduzir a mousse de chocolate que fiz há uns dias. Mas depois reparei que já não tinha "colheita tardia" e que não tinha natas frescas, prontas para bater. Então, adaptei-me. E lembrei-me de um cognac precioso, com 60 anos. E resolvi juntar as natas sem as bater. E o resultado não foi uma mousse. Acho mesmo que ficou melhor do que a outra que tinha pensado fazer. Pelo menos, foram esses os comentários, depois de ser servida.

Como fazer o meu creme de chocolate:

Levar 60 ml de água ao lume e deixar ferver. Depois, adicionar 150 g de marshmallows, uma tablete de chocolate para culinária e uma colher de manteiga. Deixar que tudo derreta. Entretanto, partir em pedaços bem pequenos o nougat de figos e embeber num pouco de cognac. Quando a mistura de chocolate estiver pronta, junta-se o nougat embebido e o cognac que não tenha sido absorvido. Finalmente, envolve-se as natas (mais ou menos um pacote). E leva-se ao frigorífico. E espera-se (im)pacientemente:)

Um almoço


Escolhi uma bela peça de carne e transformei-a. Juntei vinho branco, vinho do Porto, sal, azeite, pimentão doce e umas cenouras pequeninas, muito delicadas. E levei ao lume, num tachinho bem fechado, durante trinta minutos. Depois, retirei a peça de vitela e deixei que o molho reduzisse durante alguns minutos, para ganhar densidade. E os sabores foram todos sintetizados. Harmoniosamente sintetizados.

Vegetais e anchovas?


Ontem tive very special guests for dinner. Apesar de ser domingo à noite. Não é suposto, mas é tão bom receber. E dar. Então, lembrei-me de uma pequena lata de filetes de anchovas, guardada no frigorífico e que queria usar desta forma. Fiz aquilo a que se chama de "dip". Uma espécie de pasta, em que se mergulham vegetais cortados em palitos bem finos. E foi inacreditavelmente simples de fazer: metade de uma cebola nova, picada muito finamente, maionese, mostarda e as anchovas cortadas em pedaços pequenos. Mistura-se e pica-se, para não haver resíduos. Para ficar bem suave. Depois é só colocar num copo e levar ao frigorífico (ou ao congelador, se for muito urgente). Entretanto, basta cortar vegetais (sem os cozer) em palitos e colocar também num copo. E depois, é só deixar que circule, até não restar mais nada.
NB: Nunca, mas nunca juntar sal. As anchovas valem por si.

Risotto de Amarone della Valpolicella




O meu belo filósofo ofereceu-me um vinho que eu adoro. É italiano. E verdadeiramente inesquecível: Amarone della Valpolicella. Lembro-me muito bem da primeira vez que o bebi. Bem, mas o que interessa mesmo, é dizer que até chegar a mim, este vinho já passou por muito. As uvas são colhidas (e escolhidas) cuidadosamente, nas primeiras duas semanas de Outubro. Depois, são secas em esteiras durante 120 dias, num processo a que se dá o nome de appassimento ou rasinate. Nos finais de Janeiro ou princípios de Fevereiro, as uvas são finalmente esmagadas e secas a baixa temperatura durante 30 a 50 dias. Para completar o processo, o vinho é envelhecido durante três anos.
Depois disto tudo, resolvi fazer um risotto, para o acompanhar. E lembrei-me de um jantar em Milão, num restaurante de que já falei (Acanto, no Hotel Principe Di Savoia). Foi o que eu comi: um risotto feito com Amarone. Tentei reproduzir hoje. E ficou muito bem. O melhor de tudo é que fazer um risotto é uma tarefa terapêutica. Apesar de ser um prato um pouco "caprichoso". Exige atenção e uma certa dose de carinho. Uma bela manhã de Domingo, a ouvir Maria Callas. Casta Diva.

Uma mesa branca com a luz filtrada por cristais


Não resisti a partilhar a mesa de hoje, ao almoço. E eu sei que as regras dizem que, durante o dia, as mesas não devem ter velas... Mas, para que é que existem as regras, senão para serem transgredidas :)? De qualquer forma, achei mesmo que ficava linda a luz do sol de hoje, a passar pelo cristal dos copos e do candelabro. E as cadeiras Verner Panton, tão contemporâneas, e ao mesmo tempo, tão clássicas. Brancas. Como a toalha e a loiça e os guardanapos. O exercício da simplicidade é uma forma de arte.

Para todos os que gostam de mousses de frutos



Na sexta-feira recebi um presente. E isso tornou o meu dia mais especial. Ofereceram-me framboesas. No sábado de manhã, tive mesmo que as transformar, por serem tão frágeis. Então, fiz uma mousse. E ficou tão bonita! Comecei por reservar algumas framboesas para o final. Depois, reduzi as restantes a puré. Entretanto, tinha leite condensado a aquecer em banho-maria, a que juntei duas folhas de gelatina previamente demolhadas em água bem fria. Depois foi só bater dois pacotes de natas. Misturei o leite condensado no puré de framboesas e envolvi com muito cuidado as natas batidas. Levei ao frigorífico e esperei que fosse altura de servir. Escolhi uns copos muito antigos, para que as framboesas fossem devidamente homenageadas.

NB: Muito obrigada à Dª Graciete, uma senhora muito bonita, que se lembrou de mim e do meu gosto pela cozinha, enquanto andava a apanhar framboesas.

Colheita tardia, chocolate e nougat de figos




Há algum tempo que queria usar um vinho muito especial, cujas uvas são colhidas no final do Outono, quando estão numa fase que se chama de "podridão nobre". E hoje quis muito comer chocolate. E juntei um nougat de figos, cortado em pedaços muito pequenos e embebidos durante meia hora no "colheita tardia". Fiz então uma bela mousse de chocolate. Com uma mistura de sabores muito especial. A receita da mousse é inspirada numa outra da Nigella Lawson, que é feita com marshmallows (aquelas gomas que parecem espuma e que eu tenho sempre em frasquinhos estrategicamente colocados, para ir comendo, enquanto cozinho:)).

O melhor de tudo foi mesmo a reacção, no final da refeição, quando a mousse foi servida. A verdade é que se espera sempre que as minhas sobremesas sejam muito diferentes e especiais. Mousse de chocolate? Guardei para mim o que tinha feito, mas não precisei de esperar muito até começar a ouvir que era inesperado, que se sentia sabores difusos de erva-doce, canela, medronho. Pois, a alquimia do vinho com o nougat de figos resultou numa bela experiência. Para não desdizermos das mousses de chocolate, que apesar de serem uma sobremesa básica, já nos acompanharam em tanto momentos menos bons :)
NB: O nougat de figos encontra-se no Club Gourmet (detesto este nome), no El Corte Inglès. 

O que fazer com laranjas e (muitos) ovos?


Eu tenho a sorte de ter uma empregada que, generosamente, me traz ovos caseiros. Mas nesta altura do ano, as galinhas da Dª Maria do Carmo exageram e fartam-se de pôr ovos! Então, o meu frigorífico fica repleto de taças de ovos. A melhor maneira de os consumir é mesmo fazendo um pudim. Daqueles mesmo muito conventuais, que não dá para repetir, por serem tão intensos. Para cortar um bocadinho, resolvi juntar laranjas. Ficou bom. E muito bonito. Irresistível!

Pato com laranja reinventado


A carne de pato é tão delicada, que precisa de ser muito bem tratada. E pode-se sempre associar sabores mais ou menos inesperados. Então foi o que eu fiz: juntei cenouras muito pequenas, pimentos doces, passas, uvas, vinho doce, vinagre balsâmico e... laranja. Ficou muito bom. Daquelas experiências de se fechar os olhos, para sentir melhor.

Uma sopa inspirada num filme


Esta sopa é, basicamente, um caldo de aves. De pato, neste caso. Depois de cozer, filtrei o caldo, para ficar límpido. Sem impurezas. E depois foi só misturar legumes cortados em rodelas muito fininhas. E gemas de ovos. E hortelã. E tudo isto por causa de um filme italiano que vi ontem: "Io sono l' amore". Lindo.

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